(Leguminosae – Caesalpinioideae) em fragmentos florestais no Pontal do
Paranapanema, SP, Brasil.
KARINA MARTINS1,4, JOÃO DAGOBERTO DOS SANTOS2, FERNANDA AMATO GAIOTTO3,
MARIA ANDRÉIA MORENO2 e PAULO YOSHIO KAGEYAMA
Revista Brasil. Bot., V.31, n.1, p.61-69, jan.-mar. 2008
"A fragmentação florestal reduz áreas de vegetação(p.61)
contínua em paisagens compostas por uma matriz de
pastagens e agricultura entremeada com fragmentos
florestais de diversos formatos e tamanhos. Do ponto
de vista da conservação genética, a supressão de extensas
áreas florestadas causa uma diminuição nos tamanhos
populacionais, podendo resultar na perda imediata de
alelos (Young et al. 1996). Se populações fragmentadas
permanecem pequenas e isoladas por muitas gerações,
poderá haver um aumento da endogamia, da deriva
genética e da divergência genética entre populações,
devido à ocorrência de cruzamentos entre os poucos
indivíduos remanescentes e à limitação do fluxo de genes
via pólen e sementes entre os fragmentos."
"Área de estudo e amostragem – Foram selecionadas três(p.62)
áreas para coleta de material vegetal de C. langsdorffii na
região do Pontal do Paranapanema, extremo-oeste do Estado
de São Paulo. Devido ao processo predatório de ocupação,
atualmente restam apenas cerca de 1,85% da vegetação
original, constituída por floresta sazonal semidecídua. A
maior área contínua remanescente florestal está no Parque
Estadual do Morro do Diabo (35.000 ha) e há vegetação
remanescente em alguns fragmentos em áreas particulares
(Dean 1996), que totalizam aproximadamente 15.000 ha.
Duas populações foram amostradas em fragmentos situados
em assentamentos de Reforma Agrária e uma população foi
coletada em área de floresta contínua e preservada, no Parque
Estadual do Morro do Diabo (MD). O fragmento Tucano (TU)
(800 ha) dista cerca de 8 km do MD e o fragmento Madre
Cristina (MC) (320 ha) é separado do MD pela largura de
uma estrada. Em cada área de coleta (tabela 1), foram
amostrados e georreferenciados 30 indivíduos adultos contíguos
(DAP > 30 cm)."
"A divergência genética entre pares de populações para(p.33)
ambas as classes de tamanho foi acessada usando o parâmetro
RST (Goodman 1997). O número de migrantes por geração
(Nm) entre populações foi calculado pelo método indireto,
com uso da fórmula Nm = 1/4 (1/FST – 1) (Wright 1951).
Nos cálculos, parâmetro FST foi substituído por RST. Intervalos
de confiança a 95% de RST foram obtidos por 1.000
reamostragens “bootstrap” sobre locos. Testes de permutação
foram realizados para determinar se os valores observados
de RST diferiam significativamente de zero. As análises foram
realizadas com o programa RSTCalc 2.2 (Goodman 1997)."
"Diversidade genética dos locos – Nos 181 indivíduos(p64.)
genotipados (90 adultos e 91 regenerantes) com seis locos
microssatélites foram identificados 108 alelos. Todos
os seis locos foram altamente polimórficos, com 13 alelos
no loco menos variável e 22 no mais variável. A diversidade
gênica (He) alcançou níveis superiores a 80% em todos
os locos (tabela 2). Os locos CL20 e CL34 foram os
que apresentaram a diversidade genética mais elevada,
uma vez que a diversidade gênica (He) representou mais
de 95% da diversidade total possível de acordo com o
número de alelos (tabela 2)."
"O florescimento supra-anual da espécie (Pedroni et(p.67)
al. 2002), a falta de sincronia completa e a ocorrência de
períodos com baixa freqüência de florescimento podem
intensificar os efeitos da fragmentação em decorrência
do menor tamanho efetivo populacional nos fragmentos
pequenos (Hall et al. 1996). Esses efeitos já foram observados
em outra espécie arbórea tropical, Pithecellobium elegans
(Hall et al. 1996). Cabe ressaltar que, embora a endogamia
tenha sido elevada, a diversidade genética nessas populações
foi expressiva, uma vez que a amostragem envolve
indivíduos que foram gerados em diversos períodos de
florescimento."
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