Análise genética de problemas craniofaciais –
revisão da literatura e diretrizes para
investigações clínico-laboratoriais (parte 1)
Ricardo Machado Cruz*, Silviene Fabiana de Oliveira**
Maringá, v. 12, n. 5, p. 133-140, set./out. 2007
“As características morfológicas definidas pelo
processo de crescimento e desenvolvimento craniofacial
são, na sua grande maioria, dependentes
de componentes genéticos e ambientais. A importância
de cada um desses componentes é variável,
dependendo da característica em questão, sendo
que a influência genética pode ser mais importante
para algumas, enquanto a ambiental para outras.
Por isso, é imprescindível que o cirurgião-dentista
clínico atualizado tenha conhecimento das bases
da Genética Humana para poder acompanhar
seus progressos, atuais e futuros, tanto na área
clínica investigativa quanto em pesquisas moleculares
realizadas em laboratórios.”(p. 133)
“Desde os mais remotos tempos o homem busca
resposta para duas perguntas centrais: quem somos e de onde viemos.
Em teoria, conhecer a seqüência do genoma nuclear humano e seu funcionamento pode auxiliar na elucidação desses questionamentos (...) o Projeto Genoma Humano e projetos derivados do mesmo buscam, em última instância, responder, ao menos parcialmente, essas questões.”(p.134)
“Cada aminoácido é definido por códons, que são seqüências
específicas de três nucleotídeos dentre os
quatro existentes (adenina, timina, guanina e citosina).
O paralelismo entre os códons e os aminoácidos
incorporados à proteína foi reconhecido na
década de 60 e denominado de código genético.
Substituições de nucleotídeos em regiões codificadoras
do DNA levam ao surgimento de alelos, responsáveis
pela variabilidade na seqüência de aminoácidos
na enzima, o que pode levar a alterações
na função da mesma, tendo como conseqüência,
em alguns casos, o surgimento de doenças monogênicas.’’(p.134)
“O processo para identificação do padrão de
herança genética
Conhecer a base genética das doenças e/ou
distúrbios genéticos é um passo fundamental no
diagnóstico das mesmas e no intuito de buscar
possíveis intervenções terapêuticas.”p(.135 e 136)
“Busca de genes relacionados à etiologia de
doenças complexas
Tendo obtido evidências da ocorrência de fatores
genéticos relacionados à etiologia de distúrbios
ou doenças, o próximo passo é a tentativa de
localizar e identificar o(s) gene(s) envolvido(s).
Uma opção é direcionar a pesquisa para os genes
candidatos óbvios, isto é, genes cujos produtos
podem estar relacionados diretamente com a
etiologia.”(p.137)
“A análise de ligação gênica é uma estratégia
para tentar encontrar a localização cromossômica
de um ou mais genes responsáveis pelo fenótipo
estudado. O objetivo dessa estratégia é a busca de
co-segregação entre marcadores genéticos moleculares
e o fenótipo de interesse em famílias que tenham
indivíduos afetados’’ (p.138)
“A Genética e os problemas craniofaciais
As características morfológicas, tais como as
inúmeras medidas utilizadas para descrever a forma
da face, da mandíbula e da maxila, são resultado
de uma vasta rede de processos interativos,
hierárquicos, bioquímicos e de desenvolvimento.”(p.138)
“Muitos genes já foram identificados como
tendo um papel importante no desenvolvimento
do complexo craniofacial( ...) Normalmente apresentam penetrância
incompleta, que é a ausência de expressão
fenotípica em uma porcentagem de indivíduos
que apresentam um dado genótipo. A variação na
penetrância pode ser ocasionada por vários motivos,
em especial pela interação do gene em questão
com outros genes e pela influência ambiental. ”(p.138.)
“Ainda falta muito para que os mecanismos genéticos
que envolvem o desenvolvimento dos distúrbios
no processo craniofacial sejam totalmente
esclarecidos, mas é fundamental que o cirurgião dentista
comece a se familiarizar com a nomenclatura
específica da área e conheça os conceitos
e princípios gerais que norteiam as novas técnicas
laboratoriais de análises genéticas.” (p.139)
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